Shunt Portossistêmico em cães e gatos

O Shunt Portossistêmico é uma anomalia vascular nem tanto rara no cotidiano dos veterinários, porém de difícil diagnóstico. Ela também é conhecida pelo nome de Desvios Portossistêmicos e ocorre em decorrência do desvio parcial do fluxo sanguíneo, impedindo que ele chegue na totalidade ao fígado. Sendo uma anomalia resultante dos vasos provenientes do estômago, intestinos, baço e pâncreas, é possível imaginar que o sangue proveniente destes órgãos transporta bastante elementos tóxicos, os quais seriam metabolizados ou transformados no fígado, que é considerado uma usina metabólica, porém a anomalia desvia este sangue direto para circulação central e este sangue”sujo” banha todo organismo, levando a inúmeras alterações, inclusive do sistema nervoso. Os Shunt podem ser intra ou extra hepáticos e seus tratamentos cirúrgicos são diferentes. Podem afetar cães e gatos, porém, os cães das raças Yorkshire, Schnnauzer e Malteses costumam ser mais afetados pelo Shunt extra hepático. O Desvio Portossistêmico é uma doença de diferente comportamento quando falamos em sinais ou sintomas. Dependendo do vaso anômalo que está desviando o sangue do fígado, a manifestação clinica é diferente. Em relação ao trato gastrointestinal, é possível perceber diarreias e vômitos. É possível ainda notar sangue na urina, obstrução uretral por cálculos, letargia, problemas no crescimento e na sua forma mais grave os sinais de distúrbios neurológicos. Os sinais neurológicos podem se resumir a mudança de comportamento e as mais diferentes manifestações de crise convulsivas. A manifestação clínica é soberana no diagnóstico, porém os exames hematológicos, bioquímicos e de urinálise, por mais simples que sejam, podem ser reveladores. A ecografia de abdomen, Raio X de abdomen e a Tomografia Computadorizada são fundamentais para confirmação diagnóstica. Exames para dosagem de sais biliares também são ferramentas valiosas. O tratamento clínico é amplo e transita desde a recomendação dietética, uso de procinéticos, probióticos até antibióticos periódicos. A escolha do deste tratamento é em caso de inviabilidade cirúrgica pelos diferentes fatores ou em casos brandos, quando o vaso envolvido não represente alterações graves do ponto de vista anatômico e fisiológico do fígado. O Tratamento cirúrgico é o de eleição, o qual pode oferecer qualidade e perspectiva de vida incomparáveis ao manejo clínico. As técnicas cirúrgicas variam e devem ser realizadas por uma equipe habilitada no manejo de cirurgia de alta complexidade e de suporte intensivo ao doente. Autor: Dr Eros Luis de Souza - CRMV 4432